
Visitamos uma fábrica de macarrão no Dia do Macarrão (25 de outubro) e ficamos devendo uma postagem sobre como as coisas funcionam lá dentro.

É tudo monumental. Prateleiras de 15 metros de altura e só acessadas com elevadores de carga, máquinas que misturam a massa, abrem, cortam, secam e embalam os diferentes tipos de macarrão, do espaguete ao instantâneo.

A indústria na qual estivemos é a Selmi, que fabrica diversos produtos coma marca Renata e Galo (não é o mesmo do famoso azeite português, que se chama Gallo, com dois “eles”), além de ser a autorizada a fazer as massas Barilla no Brasil.
Inaugurada em 1887, a empresa vai fazer 130 anos de idade em 2017. Nos primeiros tempos, era tudo manual, claro. Hoje, a automação domina. Para se ter uma ideia, na visita de jornalistas e blogueiros à fábrica, que somavam umas 20 pessoas, em determinado momento naquela manhã de terça-feira havia mais gente visitando do que trabalhando em todo o parque fabril. Há funcionários operando as máquinas, outros cuidando do controle de qualidade, mas a mão de obra pesada é feita pelo azeitado maquinário, que funciona 24 horas por dia.

Ali são feitas 800 toneladas por dia de massas. A máquina mais moderna faz seis toneladas por hora.
São feitas também 300 mil toneladas de bolachas (que alguns chamam de biscoitos, mas nós chamamos tudo de bolacha) e 600 toneladas de bolos. Esses números são por mês.
Hábitos brasileiros
O engenheiro Davi Nogueira nos explica que: “O macarrão está presente em 99% dos lares brasileiros”. E que a maioria desse consumo (55%) é de espaguete. A estimativa de Davi é mais conservadora do que o estudo da Fundação Cândido Rondon, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, que constatou que o macarrão é consumido em 100% dos lares do País, sendo que tipo mais presente no Brasil é a massa seca, que está em 88% das residências. A massa instantânea está em 33% dos lares, enquanto apenas 10% das casas consomem a massa fresca.
Bom, de qualquer maneira, sabemos que todo mundo, se não estiver de dieta, come macarrão.
Sobre a visita propriamente dita, desculpem o anticlímax, mas não tenho nenhuma revelação bombástica.
Não tivemos acesso às salas nas quais as massas são misturadas. As fórmulas não foram reveladas. O mais próximo que chegamos disso é que nas máquinas há afixados avisos aos operadores sobre percentuais de ovos que entram na composição de determinadas massas.
Não pudemos fotografar nem filmar em algumas áreas. O ambiente é controlado, muito limpo e claro.
Tenho para contar apenas algumas curiosidades :

1) São três as farinhas usadas para fazer macarrão: branca, integral e de semolina – bem mais gostosa do as outras e com preço parecido.
2) O macarrão instantâneo, quando acaba de sair da máquina na qual é processado, vem molinho e tem gosto de massa fresca. Depois é cozido em segundos em outra máquina, então seco e empacotado. O produto final é aquele que conhecemos, que fica pronto em três minutos. Mas pegar o macarrão que acabou de ser fabricado e está ali, passando pela máquina, é uma experiência diferente. Acho que muitas crianças iriam adorar.

3) Uma conversa entre os visitantes e o pessoal da Selmi que nos mostrava a fábrica deu o que pensar: o excesso de automação aumenta o desemprego? A fábrica defende que não. E argumenta que os trabalhadores que costumavam ser contratados para as tarefas repetitivas, como passar o dia colocando pacotes de macarrão em caixas, acabavam ficando entediados com a repetição e assim que podiam, deixavam o emprego. Evidentemente, ninguém procura realização profissional empacotando macarrão. Mas certamente ainda existem pessoas dispostas a fazer tarefas repetitivas para ter um salário. Aí entra outra questão: as máquinas barateiam a produção. E todos queremos comprar alimentos por bons preços. Não tem solução mágica.

Ao final da visita, comemos macarrão, claro. A massa linguini ficou muito boa com molho branco. A receita levou uma mistura de queijos indicada pela blogueira Tai Godoi.